terça-feira, 25 de março de 2014

Moedas e Adeus

Desde muito nova que que sou adepta na numismática (coleciono moedas e notas).
Comecei a fazê-lo já em criança de um modo mais descontraído, claro, era uma criança. Tudo porque a minha avó tinha uma mercearia daquelas à moda antiga, com tasco ao lado onde homens depois do trabalho arranjavam motivos para que as suas mulheres os odiassem. Normalmente, a minha avó tinha moedas na caixa (uma gaveta de madeira) que já estavam fora de circulação mas que ali foram ficando. Eu pedia à minha avó se as podia guardar porque achava que por serem antigas, eram tesouros.
E foi assim!

Hoje o gosto apurou-se e começo a gastar algum dinheiro com este vicio. Na verdade, não tanto quanto gostava, mas há prioridades a respeitar.
Há sensivelmente 2 anos entrei numa loja de numismática tão antiga, mas tão antiga que durante anos passei em frente da mesma e achava sempre que estava fechada e abandonada. Quando entrei, descubri que o proprietário da loja era um senhor que já conhecia e que frequentava as aulas de danças de salão comigo. Quem diria, dois numismáticos que frequentam danças de salão, ah?

Então, desde aí, que o Sr. J. me guardava todas as moedas portuguesas que entretanto fossem saindo. Ele fazia o mesmo para um grupo de vinte e não sei quantas pessoas e eu juntei-me a eles.
O Sr. J. chamava a loja dele de oficina de relógios. Já há muito tempo que ele tinha deixado o negocio das moedas (com a crise há mais gente a querer desfazer-se das que tem que comprar mais), agora só arranjava para aquele grupo restrito de pessoas, sob encomenda e, raramente, sem cobrar um valor superior ao de cunhagem. O negócio dele era atrair clientes à sua oficina de relógios.
O Sr. J. tem um talento nato para desmontar um Rolex automático e voltar a montá-lo todo de raiz. Claro, em terra de cego, quem tem um olho é rei, foi o que lhe aconteceu. Os suíços cheios de relógios super valiosos, procuravam pessoas que cuidassem dos relógios como se de um animal de estimação ou um filho se tratasse. Convidaram-no para ir para a Suiça. Ele aceitou. Afinal de contas, agora vão passar-lhe os Ferraris dos relógios pelas mãos.
Agora, fico sem um amigo que me encomendava todas as moedas que saiam. Sim, e digo um amigo, porque apreciava imenso as conversas que tínhamos cada vez que ia levantar mais um grupinho de moedas. Além disso, acho que de alguma forma, fez despertar ligeiramente o bichinho dos relógios no Miúdo, o que me agradou de algum modo. :D
Boa sorte Sr. J.!

Esta era a próxima que ele iria guardar para mim (mas não em ouro, claro)

1 comentário:

  1. Agora vamos ter de andar atentos e fazer os nossos contatos para conseguir as moedas novas que forem saindo. Não vai ser fácil, mas de certeza que também não vai ficar por aqui a coleção ;)
    O que dizes do relógio é quase verdade. Eu fiquei a gostar mais de relógios a partir do momento em que me ofereceste o primeiro relógio e principalmente depois de receber aquele belo Tissot como prenda de noivado :p Vamos ter muitas saudades do Sr. J. Boa Sorte!

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