Apesar de ouvir imensas pessoas falarem do quanto é difícil ser-se emigrante, que o nosso país é o mais bonito do mundo e que só percebemos isso quando de cá saímos e mais um milhão de coisas negativas sobre emigrar (excepto, claro, a bofunfa), eu sinto que não sou só daqui.
Sinto que sou do mundo!
Sinto que sou de Portugal e de Espanha em primeiro lugar e depois sou do resto da Europa e depois da América do Sul e depois de todos os lugares do mundo. Mas só de Portugal, não me sinto.
Hoje, enquanto via uma publicação na Internet sobre locais abandonados, deparei-me com uma estação de comboios internacional espanhola, mesmo junto à fronteira França-Espanha, no meio dos Pirinéus.
Comecei a procurar mais sobre a Estación Internacional de Canfranc.
Li algumas coisas, li a história da estação e fiz daqueles passeios sonhadores no tempo: uma cidade antiga que se desenvolve em volta da estação de comboios, as pessoas a passarem de um país para o outro, a agitação das pessoas quando o comboio chega, os ricos que podiam ir fazer comprar ao outro lado da fronteira (que às vezes vendia exatamente as mesmas coisas, mas do lado de cá seriam importadas)... Adoro sonhar com esta coisas, fazer metragens na minha cabecinha tontinha, e não são das curtas.
Entretanto dei por mim a pensar nos portugueses que no mês de Agosto passam por ali e que tanta sorte têm por ver paisagens magnificas e conhecer estes pequenos tesouros que têm sempre tanta história. Se calhar nem reparam, porque vêm pela auto-estrada e não param para apreciar a paisagem.
Um dia vou a Canfranc. Só nao posso dizer "Hoje é o dia" por agora, mas vou dizê-lo.
Um dia vou fazer o caminho de regresso de carro a Portugal em pleno mês de Agosto e possivelmente dizer que "Portugal é o pais mais bonito do Mundo!" mas pelo menos vou sentir a alma cheia por, então, já ter pertencido ao mundo.